Mar de descoberta e aventura
O Gabinete de Imprensa 16.º Portugal de Lés-a-Lés
O Gabinete de Imprensa 16.º Portugal de Lés-a-Lés
Ondas de aventura e
entusiasmo invadiram a mais marítima das edições do Portugal de Lés-a-Lés!
Sempre junto à costa atlântica, navegadores dos tempos modernos, que trocaram
as caravelas por motos de todos os tamanhos e feitios, de todas as marcas e
cilindradas, ligaram Lagoa à cidade de Vila Nova Gaia, com paragem em Peniche e
passagem em terras de profunda ligação ao mar. Dos pescadores de Setúbal aos
banhistas da Figueira da Foz, passando pelos surfistas das escondidas praias da
costa alentejana, de tudo ficou a conhecer a mais extensa caravana de sempre na
maior maratona mototurística da Europa, organização da Federação de
Motociclismo de Portugal.
Marcado pelo aroma a
maresia e pela novidade de um trajeto inovador para a grande caravana, o 16.º
Portugal de Lés-a-Lés mostrou, como habitualmente, locais de rara beleza mas,
como raramente, bordejados por cativantes paisagens marítimas. Verdadeira ode a
um povo de marinheiros e descobridores, desde sempre voltado para o mar, e que
foi, finalmente, visitado pelos aventureiros sem medo de adamastores e outros
intimidantes monstros, da quilometragem às estradas nem sempre em boas
condições, antes oferecendo marés de diversão e descoberta, ondas de
fraternidade e prazer de condução ao longo de fim de semana intensamente
vivido.
Das praias de Lagoa ao
Cais de Gaia, com vista privilegiada sobre o centro histórico do Porto, mais de
1300 mototuristas deram corpo a aventureiro passeio que visitou os cabos
Sardão, Espichel, Carvoeiro e Mondego, mas também a Fóia, a dura subida onde os
melhores ciclistas marcam a diferença; Zambujeira, terra do maior festival
musical de verão; Porto Covo, afamado pela voz melancólica de Rui Veloso; serra
da Arrábida, marcada por deslumbrantes paisagens; Óbidos, onde a história é
transmitida de forma intensa; Figueira da Foz, com o belíssimo areal e a
refrescante serra da Boa Viagem; Costa Nova e as típicas casas coloridas; e a
Ria de Aveiro, com emaranhado de canais e esteiros. Locais únicos – entre muito
outros verdadeiramente deslumbrantes... – que marcaram a edição de 2014 do
passeio ímpar que pretende mostrar um Portugal diferente, longe dos roteiros
turísticos mais massificados, em contacto mais próximo da natureza. E, assim,
proporcionar caleidoscópio de sensações intensas em cenário sem paralelo para
juntar o prazer de viajar de moto e descobrir um País único, para aliar os
valores de diversão e camaradagem, de liberdade e fraternidade. Com prazer
acrescido pelos caminhos escolhidos, optando por estradas nacionais, municipais
e até caminhos de terra batida, em detrimentos das pouco interessantes
autoestradas, SCUT’s, Itinerários Principais ou Complementares, em viagem que
pretende recordar as deslocações de tempos idos.
Prólogo de intenso aroma
a maresia
Preparativo para a
grande aventura, o prólogo pelo algarvio concelho de Lagoa começou por deixar
pistas claras do que seria o 16.º Portugal de Lés-a-Lés, com trajeto curto mas
riquíssimo em pequenas, recortadas e escondidas praias e esplanadas onde se
mataram saudades e colocou a conversa em dia. Afinal, esta grande aventura
proporciona, como nenhum outro, (re)encontro de amigos em palco de eleição, com
locais de intensa beleza natural e histórica. Foi o caso, este ano, de Estômbar
ou Ferragudo, de vincadas origens árabes, ou do Carvoeiro, onde os imensos
turistas não perderam o ensejo de fotografar tão colorido e heterogéneo pelotão
de duas rodas. Tempo ainda para apreciar os primeiros dos muitos prodígios da
natureza, sublinhados ao longo das 48 páginas do elucidativo e divertido
«road-book», mesmo quando a paisagem assentava nos muitos hotéis e condomínios
que ocupam boa parte do reino dos algarves, pensado para os que
procuram o sol em praias tão acolhedoras como Benagil, Marinha, Senhora da
Rocha ou Albandeira. Areal minúsculo onde os elementos do Moto Clube de
Albufeira deram corpo ao primeiro dos 16 controlos secretos de passagem, que
atestam o cumprimento da totalidade do trajeto de cada Lés-a-Lés.
A fuga à capital e o
regresso dos franceses
Prólogo que foi pequena
preparação para a intensa etapa que levou a caravana da Praça do Auditório de
Lagoa até ao porto de pesca de Peniche, em ligação de 524 quilómetros marcados
pelo aroma a maresia e por muitos e fáceis caminhos de terra batida, forma
única de descobrir algumas maravilhas da costa portuguesa, mantidas em estado
quase virgem graças a essa menor acessibilidade. Momentos de verdadeiro deleite
para os sentidos, desde as magníficas curvas que levaram o pelotão ao alto da
Fóia, o ponto mais alto do Algarve com os seus 902 metros de altitude, de onde
foi possível apreciar o cabo de S. Vicente, separação das costas oeste e sul do
litoral algarvio, mas também o espetacular Autódromo Internacional de Algarve,
sob olhar atento do MC Albufeira que aqui montou animado quadro agrícola em
local de controlo secreto. Em dia de paragens muito curtas, passagem pelas
praias do Carvalhal e dos Alteirinhos rumo à Zambujeira do Mar onde o bucolismo
de outrora só pode ser apreciado fora da época dos festivais.
Antes de Vila Nova de
Milfontes, Ilha do Pessegueiro e Porto Covo (onde teve lugar a única passagem
de um curso de água deste ano, em ribeirinho que mal deu para molhar os
pneus...), tempo para uma paragem mais prolongada – afinal sempre foram 15
minutos! – no Cabo Sardão onde estava montada a primeira de várias aprazíveis
áreas de descanso. Verdadeiros oásis montados pelos principais patrocinadores
do evento, da Lusitânia Seguros à BP, passando pela BMW/Bomcar, Michelin, Nau,
Honda e Yamaha, onde foi possível tomar um café, beber uma água fresca,
petiscar qualquer coisa e até carregar os telemóveis! Paragens em locais
estratégicos como o Sardão, onde também a natureza marca pontos, sendo aqui
possível apreciar o único ponto de nidificação marítima das cegonhas em
território europeu. A que se juntou, sempre que possível, a animação dos postos
de controlo, como o do Moto Clube do Porto, na pequena aldeia de Paiol, onde
«mulheres de vida fácil e outras de vida ainda mais sofrida», ora vendendo o
corpo ora comercializando legumes, atestavam a passagem dos participantes de
quem arrancavam enormes gargalhadas.
Menos interessante o
desvio da orla marítima, rumo a Setúbal e depois na passagem ao largo Lisboa,
fugindo às demoradas e imprevisíveis travessias por ferry-boat e
da interdição às pequenas «cinquentinhas» das pontes da capital, obrigando a
desvio alternativo por Santiago do Cacém, Grândola e Alcácer. Após o almoço em
Setúbal, a magnífica subida da serra da Arrábida ajudou à digestão, com
paragens curtas em praias como a Figueirinha e dos Galápagos, de águas azuis em
contraste com a densa vegetação de arbustos baixos, refúgio excelente para
grande diversidade de fauna e único ponto litoral português onde nidifica a grande
rara águia-de-bonelli. Motivos de interesse acrescido na viagem até ao Cabo
Espichel, com os elementos do MC Cezimbra a registarem a passagem pelo local,
enquanto o MC Varadero/Crosstoures apoiavam o oásis Honda que ajudou a saciar a
sede, enquanto a sede de paisagens era mitigada em locais fantásticos junto ao
mar, com passagem por Sesimbra e Meco. Depois do Montijo, para fugir à confusão
de Lisboa, passagem agradável por Alcochete, onde ninguém parece ter
descortinado flamingos ou outras aves limícolas ficando-se pelo gado bravo que
pasta nas herdades pelo pica do MC Convento de S. Francisco, e bem menos
interessante por Vila Franca de Xira. Valeu a surpreendente descida até Arruda
dos Vinhos, com inusitadas paisagens marcando entrada na região Oeste, acolhida
por interessante Feira Oitocentista em terra que tanto sofreu com a política da
terra queimada, em 1801, aquando da 3.ª Invasão Francesa. E com soldados
gauleses vestidos a rigor, lado a lado com vendedeiras e frades, pedintes e
nobres, artistas e artesãos, rapidamente se esgotou o tempo previsto para a
paragem na terra liderada pelo mais jovem presidente de câmara do País.
Torres Vedras e a
homenagem a Joaquim Agostinho na passagem à porta de casa do mais mítico
ciclista português de todos os tempos preparam a caravana para a visita à praia
Formosa e Santa Cruz, onde os desportos de ondas trouxeram mais fama dos que as
22 espécies e subespécies de sargo que por aqui se pescam. A terminar o dia e
logo após o controlo nas Termas do Vimeiro, a cargo dos Motards do Ocidente,
estrada elegante e tranquila, batizada de Vítor Norte em homenagem ao ator que
uma vez mais marcou presença no Portugal de Lés-a-Lés, levou o pelotão até
Peniche, com passagem pela Lourinhã e pelo Cabo Carvoeiro. Carismática península
da nossa costa que marca espécie de fronteira climatérica, com constantes
referências dos meteorologistas que separam o tempo a norte e azul deste local,
de onde é possível avistar a Ilha da Berlenga, primeira área protegida de
Portugal, criada por decreto do rei Afonso V, que lá proibiu a caça em 1465.
Apontamento histórico acompanhado da última marca do dia, feita pelos elementos
da FMP, antes de um jantar de fazer honra as tradições piscatórias de Peniche,
deixando os participantes particularmente satisfeitos com tão frescas sardinhas
assadas.
A fauna marinha na mais
curta etapa de sempre
À partida para a segunda
etapa, a mais curta de sempre do Lés-a-Lés com os seus 321 km, o tempo fresco
ajudou a despertar os mais madrugadores a saírem desde o palanque montado no
porto de pesca de Peniche, com algumas nuvens e até uns pingos de chuva que não
diluiriam as promessas de diversão no Litoral Norte. Dia de forte intensidade
turística, em percurso completamente inédito na aventura proposta pela
Federação de Motociclismo de Portugal, rolando sempre junto ao mar, e lagos,
passando por refrescantes estradas florestais e rias. Dia que começou pela
visita ao Cabo Carvoeiro, em espetacular safari fotográfico, e à antiga ilha do
Baleal que a natureza ligou ao continente por tômbolo de areia que criou ótimas
condições para a prática do surf, ali nascendo, em 1993, a primeira escola
nacional para a prática da modalidade.
Daí até Óbidos foi um
saltinho, armazenando memórias de um praia lindíssima antes de regresso à história
de Portugal, com receção real a cargo dos Motards do Ocidente em cenário
condizente bem no centro da vila medieval conquista por Afonso Henriques aos
mouros. Claro que a passagem por Óbidos não ficaria completa sem a visita à
famosa Lagoa – onde o oásis Lusitania Seguros albergava mais um ponto de
controlo a cargo da FMP, antes da passagem pela foz do Arelho rumo a S.
Martinho do Porto apreciando a baía criada entre as serras do Bouro e da
Pescaria. E daí, por mais caminhos de terra que afastam os domingueiros e
preservam a calma, visita às praias da Gralha e do Salgado, com a Nazaré já no
horizonte, para descobrir como se forma a famosa onda gigante, tornada famosa
pelo surfista Garret MacNamara. Em dia de muitas paragens, tempo para aceitar
mais um convite para uma bebida em S. Pedro de Muel, outro para estrear a nova
sede do Moto Clube Motabout, de Vieira de Leiria e outro para relaxar no Oásis
Bomcar, nas margens da Lagoa da Ervideira.
Paragens para ganhar
apetite para o almoço, na Figueira da Foz, dona da mais larga praia da Europa e
do mais antigo casino da Península Ibérica, com digestão feita na subida da
Serra da Boa Viagem e passagem pelo majestoso Cabo Mondego, em direção à Lagoa
da Vela onde a Yamaha oferecia uma água bem fresquinha e os Motogalos de
Barcelos garantiam mais um furo na tarjeta, em cenário decorado a rigor.
Deixando para trás as belíssimas curvas da Boa Viagem, as rápidas e aprazíveis
estradas de Mira levaram o pelotão ao extremo sul da Ria de Aveiro, uma das
mais belas zonas húmidas de Portugal que se estende por 45 quilómetros até
Ovar. Tempo para apreciar o cordão dunar até à típica Costa Nova onde a Nau,
fabricante português de capacetes brindava os participantes com um oásis,
permitindo paragem aproveitada também para fotografar as coloridas casas,
antigos palheiros, que são ex-líbris da Costa de Prata.
Apesar de Gaia estar
cada vez mais perto, o Lés-a-Lés não podia desperdiçar oportunidade única para
visitar Aveiro, terra de salinas, ovos-moles e moliceiros. Inconfundíveis
barcos, decorados com painéis religiosos, profanos ou etnográficos, ainda que
sejam os de humor malicioso os mais fotografados. Curta passagem urbana porque
era preciso tempo para descobrir os caminhos da ria, um dos melhores momentos
desta travessia de Portugal Continental à moda antiga, passando entre amieiros
e salgueiros até ao cais de Estarreja através dos percursos cicláveis que
compõem a CicloRia. Ambiente único que motivou paragem no Cais de Pardelhas
onde o MC de Estarreja aconchegou o estômago aos motociclistas. Porque isto de
andar de moto, abre o apetite...
Torreira, S. Jacinto,
Cortegaça, Esmoriz, a Lagoa de Paramos e Espinho foram nomes que marcaram novo
troço da Lés-a-Lés, qté à Estação Litoral da Aguda onde os elementos do Moto
Clube do Porto montaram o último controlo e ajudaram a aparcar as motos para
interessante visita à bem conseguida sala de aquários, mostrando as espécies
como se estivéssemos a descer em profundidade. E assim apreciar os congros,
peixes-porco, moreias, lavagantes, pargos, raias e polvos antes da estrada
litoral de Gaia que, ao longo de 9 quilómetros de praias de bandeira azul,
levou a longa comitiva até ao palanque final. Sendo o tempo de espera, para que
cada equipa pudesse tirar a foto da praxe e gozar o momento único, aproveitado,
pelos outros, para apreciar a Ponte Luís I ou a inconfundível Ribeira do Porto.
Final em beleza do 16.º Portugal de Lés-a-Lés, aventura de contornos únicos
este ano fortemente marcada pelo mar e pelas praias, pelas falésias e arribas e
claro, pelo intenso aroma a maresia que perfumou o maior evento mototurístico
da Europa.
As fotos todas estão, neste link:
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